Matéria editada na "Revista Planeta Água" em 29/02/2012
Talvez você conheça Pirenópolis apenas como uma cidade turística e histórica do estado de Goiás e nunca soube que ela é também considerada a “Capital da Prata”. Isso mesmo. Pirenópolis é a referência da jóia em prata produzida artesanalmente em todo o Brasil e até internacionalmente.
Hoje, a bela cidade colonial possui cerca de 100 ateliês, com mais de 300 artesãos produzindo essas obras de arte.
O trabalho é tão artesanal que grande parte da prata utilizada na produção de jóias vêm de objetos reciclados, como na oficina da Galleria Shop, dos empresários Edson Paranhos e Lucilene Siqueira. Placas de raios-x, componentes de aparelhos eletrônicos e outros utensílios em prata são apurados e vendidos para os ateliês que compram o material reciclado e fabricam a jóia.
Feira
A fabricação da joia passa por várias etapas. Primeiramente, a prata pura é pesada e sobre ela é colocada uma liga, para que o material ganhe maior resistência. A partir disso, a prata com a liga se fundem para formar fios e chapas de “Prata de Lei” . Com estes, o material é moldado conforme o design.
“O design da jóia é definido através de uma mistura da técnica artesanal com idéias de diversas culturas. São produzidos brincos, anéis, pulseiras, colares e outras peças”, explica Edson Paranhos, pioneiro da arte em Pirenópolis.
Existem ateliês que, ao fabricarem joias com pedras, participam de todo o processo de garimpo, lapidação, confecção e design. Atualmente a maioria dos ateliês em Pirenópolis compram a pedra bruta e mandam lapidar ou já compram a pedra lapidada.
As pedras utilizadas nas jóias artesanalmente produzidas são, em grande parte, de garimpos de Goiás, Tocantins e Minas Gerais. Hoje, a utilização da pedra agrega valor ao trabalho, já que a prata possui um valor menor referente a outros metais nobres.
Na maior feira de pedras preciosas e joias do mundo, na cidade de Tucson, no Arizona (USA), as joias em prata de Pirenópolis foram elogiadas, divulgadas e bem aceitas comercialmente, e chegaram ao patamar internacional.
Paranhos, que esteve nos eventos, avaliou as joias de prata de Pirenópolis de alto nível e lamenta por elas não serem divulgadas internacionalmente. Em outros grandes eventos do genero como em Nova York (USA), Bangkok (Thailandia), Rio de Janeiro (BR) dentre outros, a aceitação foi mantida.
História
A prata trabalhada artesanalmente em Pirenópolis já possui uma história de mais de 30 anos. Edson Paranhos foi quem trouxe ao conhecimento do povo esse tipo de artesanato. No final da década de 70, iniciou em Pirenópolis a comunidade alternativa Terra Nostra, Associação Cooperativista Rural Terra Nostra (hoje extinta), e dentro dela foi implantado o primeiro ateliê escola do Centro Oeste.
Paranhos lembra que, na época, o trabalho artesanal começou na Oficina Terra Nostra e meses após foi transferida para o Centro Histórico. Por questões práticas, os aprendizes foram levados a trabalhar em casa, e a medida que a produção foi crescendo, os artesãos começaram a montar suas próprias oficinas com o auxilio da Terra Nostra assim difundindo o ofício.
Hoje o trabalho é conhecido por toda a cidade de Pirenópolis, por vários estados e países, justamente por possuir um design tão eclético. “É sempre uma técnica de um país, um visual de outro e um toque de outro misturados com diversas etnias e criatividade individual de cada artesão joalheiro”, complementa.