JS NewsPlus - шаблон joomla Продвижение
ptenites

Primeiro jornal goiano completa 185 anos de criação - Matutina Meyapontense

09/03/2015

Mais um importante capítulo da história goiana escrito em Pirenópolis

Entre tantas representatividades no cenário goiano, Pirenópolis mais uma vez aparece como a cidade que abrigou o primeiro jornal impresso do Estado.

Em 1829, o comendador Joaquim Alves de Oliveira adquiriu no Rio de Janeiro uma oficina tipográfica, trouxe-a para Meya Ponte (Pirenópolis) em lombos de mulas e fundou a Typografia de Oliveira na casa onde hoje funciona o Museu da Família Pompeu.

Em 5 de março de 1830, publicou pela primeira vez o Matutina Meyapontense, o primeiro jornal de Goiás, para não dizer de todo o centro-oeste, norte brasileiro e o primeiro jornal brasileiro publicado fora de uma capital. O jornal foi um marco na imprensa nacional, publicava os atos dos governos provinciais de Mato Grosso e Goiás. Sua circulação aconteceu entre 5 de março de 1830 a 24 de maio de 1834, totalizando 526 edições.

Seu redator-chefe era o padre Luíz Gonzaga de Camargo Fleury, ilustre pirenopolino. Versado nas artes literárias, fez carreira eclesiástica em São Paulo, de onde voltou com formação em Latim, Teologia Dogmática, Retórica, Filosofia, Eloquência Sagrada, Moral e Outras. Ocupou vários cargos públicos junto ao Governo da Província.

O Matutina teve também colaboradores relevantes, como o Pe. Luiz Antônio da Silva e Souza, historiador, político e poeta que ajudou a enriquecer ainda mais a alma desse periódico, e vários correspondentes nas províncias de Goiás e de Mato Grosso.

Jornal de características liberais para os moldes da época, publicou diversas notícias, sempre defendendo os direitos humanos, a ética e a cidadania. Recebia cartas com codinomes e publicava-as na íntegra. Com humor, bom senso, liberdade e seriedade, deixou-nos um legado histórico marcante do Brasil Central imperialista e distante dos grandes centros.

Em sua primeira edição, o jornal trouxe o seguinte texto de Miguel Lino de Morais:
A liberdade da imprensa não é considerada como sustentáculo dos governos bem constituídos, senão porque oferece meios para a instrução geral, porquanto é esta que estabelece uma base à segurança e obrigações do cidadão; é ela que faz amar a justiça, respeitar as autoridades e obedecer às leis: um povo instruído, vendo a necessidade da Nação, abraça e sofre, sem murmurar, os impostos; considera o governo, como o seu maior bem e aborrece o homem sadicioso e turbulento, como o maior inimigo da sociedade: não entra, pois, em dúvida que a instrução seja a melhor e a maior garantia dos governos constitucionais.

(…) Talvez pareça mais que audácia o pretender eu oferecer aos meus patrícios goianos um periódico em um arraial, se bem que o mais populoso da Província, falto todavia de comunicações, por estar situado fora da estrada geral e distante de Goiás 26 léguas, para onde unicamente tem um correio mensal; talvez haja mesmo quem diga, que a empresa é superior às minhas forças e que não calculei a tarefa que me impus; eu concordo com todos e é mesmo porque reconheço a pobreza dos meus talentos, que nenhum outro nome me pareceu tão análogo a este periódico, como Matutina, cuja luz muito pouco clareia, mas como se lhe pode negar ser a precursora do dia, creio que assim mesmo irei dissipando as trevas, até que Espíritos Iluminados queiram espalhar suas luzes.


A Biblioteca Nacional dispõe de algumas edições do jornal Matutina Meyapontese, que podem ser acessadas através deste link.
Referências:
CARVALHO, Adelmo. “Pirenópolis: História, Turismo e Curiosidades”. Pirenópolis: Kelps, 2000.
BORGES, Rosana; LIMA, Angelita. “Dossiê 200 anos da imprensa no Brasil”. Goiânia: Revista UFG, 2008.

Fonte: PMP