14/09/2015
Por Raíza Goulão:
"Pela primeira vez, venho a Andorra, um principado perto da Espanha, com incríveis montanhas e um circuito de dar inveja.
Senti-me em um evento soberano. Nos primeiros dias de treinos, o clima cooperou e o circuito estava somente húmido, porém, na quinta-feira antecedente a minha prova, começou a chover e a ficar com um clima instável sempre sol chuva. Assim, as provas das categorias Junior e Sub-23 foram em péssimas condições com chuva, lama e frio. Sorte a minha, que a previsão de sábado era 100% de chance de sol; dito e feito! No entanto, o circuito estava ensopado, o que fez dele mais técnico e pesado, com descidas repletas de raízes e pedras superescorregadias. Este ano, com o numeral 18 (superfeliz com esta colocação no ranking UCI), pude largar na terceira fila. Fiz uma largada regular.
Mas logo no início houve uma queda à minha frente; consegui ser rápida o suficiente e desviar. Na primeira volta, praticamente em todas as partes técnicas, foi preciso empurrar a bike devido ao acúmulo de atletas travando o percurso. Na sexta-feira antecedente à prova, fui ao circuito para treinar, porém estava chovendo e muito frio e acabei abortando a missão. Estava eu com pneus renegade para testar, mas como já havia olhado a previsão de sábado, que seria de Sol, tentei arriscar o renegade. Já no começo da corrida, pude perceber que não foi a melhor escolha, mas na segunda volta, com todas as atletas passando e amassando o barro, o percurso se tornou um pouco mais pedalável e não fui muito prejudicada pela minha escolha de pneus. Calibrei todas as minhas rodas com 17psi, para ter maior aderência nas curvas e assim mais confiança. Com a coroa 28, pude manter um ritmo e um giro constante a prova toda, foi a melhor escolha para minha Viúva Negra, ERA S-Works. Cheguei a estar na 25ª posição, mas não consegui mantê-la.
Posso dizer com todas as letras que esta foi a prova mais dura do ano! Além de ter que lidar com a altitude de 1890 metro na largada e chegando a 2 mil, senti em todas as voltas o gosto de sangue na garganta. Eu estava bem na 2ª e 3ª volta, o corpo estava respondendo. Mas do final da 4ª volta até a última, meu ritmo caiu e assim perdi algumas posições. Ainda assim, segui brigando para tentar melhorar. Foi uma prova emocionante para mim. Poder ver a minha evolução de um ano para o outro (em 2014, finalizei na 38˚ colocação, como a melhor Brasileira), finalizando a prova este ano na 28˚ posição, com o MELHOR RESULTADO já obtido pelo Brasil no Mundial na Elite Feminina até então, foi algo incrível!
Assim sigo mais motivada para ainda conseguir um top 20. Só tenho a agradecer a meu Coach, Leo Van Zeeland, e a meu treinador, Tjeerd de Veries. Estamos conseguindo evoluir a cada treino. Agradeço também à Confederação Brasileira de Ciclismo pela convocação, ao treinador da Seleção Brasileira de MTB, Cadu Polazzo, pelo apoio durante a prova. Dedico essa conquista a minha equipe e especialmente ao meu chefe de equipe, Flavio Magtaz, e minha família. Obrigado por toda a torcida que tive durante a prova e pelas mensagens nas redes sociais."