14/08/2007
Pirenópolis tem ambiente mágico. Cidade das pedras, das comunidades espirituais e ecológicas, das cachoeiras - são mais de 80 catalogadas em todo o município -, da Folia do Divino, das Cavalhadas, da medicina alternativa, do Fusca - cerca de dois mil circulam em Piri -, dos artistas populares, das igrejas antigas, dos esportes de aventura, do Carnaval das marchinhas, da sabedoria popular, das pedras, da comida típica.
Ah, a comida...
A rede de cantinas, pizzarias e restaurantes pirenepolina agrada a todos os tipos de turistas, do mais simples ao mais requintado, porque oferece opções para todos os paladares. É possível encontrar desde um restaurante com o tradicionalismo goiano, que serve carne de porco de lata, angu de milho e quiabo, até um bistrô mais elegante, que tem como pratos principais o que há de melhor na cozinha européia. Nas pizzarias, que o visitante não ouse pedir maionese ou ketchup. “Eles tiram o sabor da comida”, o garçom pode advertir.
A cidade de 280 anos, que fica a 120 quilômetros de Goiânia, capital de Goiás, e a 150 de Brasília, capital federal, protagoniza do dia 25 ao 28 de outubro a quarta edição do Festival Gastronômico e Cultural. Os chefs goianos de maior destaque, entre eles, Cris Isaac, Emiliana Azambuja, Liliane Lobo, Roberto Andrade e Valéria Noleto, substituirão em 2007 as estrelas de fora, marcas das realizações anteriores.
A idealizadora e organizadora do festival, Márcia Pinchemel, nega que a motivação seja financeira, já que o evento conta com verba do governo estadual, que enfrenta crise econômica, com reflexo no corte de incentivos e patrocínios. Mesmo com o arrocho, a Agência Goiana de Turismo (Agetur), destinou R$ 150 mil.
Os pratos terão temáticas religiosas. Embasados nos quitutes servidos nas tradicionais festas católicas, os profissionais da comida criarão receitas que resgatam a boa mesa do passado com um toque de vanguarda. Assim, Festa do Divino, do Reinado de São Benedito, de São Sebastião, de Santo Antônio e São João, Romaria, Natal e Folia e seus atrativos culinários serão revividos nos menus dos quatro dias de celebração à gula.
Com foco no público com poder consumidor maior, Márcia Pinchemel não esconde que o interesse não é arrebanhar multidões para a cidade histórica nos dias do evento. “Não é para lotar de gente. É para as classes A e B”.
Por outro lado, há iniciativas que tentam popularizar a idéia. Graças à boa avaliação do público local, a novidade implementada em 2006 continua em 2007.
A Praça da Arte e Gula, às margens do rio que corta a cidade, expõe guloseimas e artesanatos locais a preços acessíveis. Uma cumbuca com pamonha de panela acompanhada de carne de porco de lata, por exemplo, será vendida a R$ 10 na praça.
Para Márcia, qualidade é o que fica do festival. “A cada ano ele vai melhorando, inclusive a imagem da região. Todos que vêm ficam encantados. São pessoas que vão passar isso para frente. O retorno é divulgar Pirenópolis e, em conseqüência, o Estado de Goiás também. E de forma bonita”.
Profissionalização
As semanas que antecedem a realização do Festival Gastronômico e Cultural de Pirenópolis são recheadas por cursos cujo objetivo é capacitar estudantes, trabalhadores da rede hoteleira e de restaurantes da cidade. Emiliana Azambuja é uma das chefs que ministraram aulas de serviços de vinho, corte de carne, gastronomia regional contemporânea, saladas, entre outras. Também durante o evento, os profissionais oferecerão oficinas gratuitas e abertas à população.
Para participar do Festival, que em 2006 recebeu cerca de dois mil visitantes, os restaurantes apresentaram melhoras. Márcia conta que muitas casas reformaram suas cozinhas, aumentaram o quadro de funcionários e investiram no aprimoramento do pessoal.
Ela acredita também que a criação, em 2005, dos cursos de gastronomia e turismo na unidade local da Universidade Estadual de Goiás foram conseqüência do resultado positivo das primeiras edições. “O Festival veio qualificar os profissionais pirenopolinos.
Depois de Goiânia, Pirenópolis é referência gastronômica de Goiás”, arremata.