Por João Camargo Neto e Tetê Nassar
Estudantes de Jornalismo das Faculdades Alves Faria
Na GO-338, que liga a conhecida Piri a Goiânia, capital de Goiás, encontra-se o Ecocentro Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado (Ipec). Bem próxima à cidade, a apenas três quilômetros da saída, ainda da rodovia estadual dá para avistar pequenas casas com tetos ovulares, bastante pitorescos. Estamos falando da maior ecovila do Brasil. Detalhe: os tetos são ovulares para evitar o uso de madeira no telhado
Henrique Pinheiro, arquiteto: "Somos uma comunidade ecológica"
O falso conforto que as metrópoles proporcionam não ofusca o refrigério natural que é encontrado no interior do país. A 160 quilômetros da capital brasileira, Brasília, está a agradável cidade de Pirenópolis, com mais de 20 mil habitantes. Em meio a diversas comunidades que cercam o município, que fica aos pés da Serra dos Pireneus, uma merece destaque.
“Mais uma sociedade alternativa”, pode pensar um turista desinformado. “Nós somos uma comunidade ecológica”, pode repreender o arquiteto Henrique Pinheiro, de 27 anos, que mora na Ecovila há três. Ele soube do Ipec por um amigo na cidade paulista de Rio Claro e se interessou pelo local em função da especialização em bioarquitetura, que é oferecida no módulo Bioconstruindo.
Uma ponte de tábuas de madeira, “na qual não se deve pular nem correr”, adverte a placa, sobre o córrego Mar e Guerra, dá acesso à comunidade rural de 25 hectares. Lá moram atualmente nove pessoas, porém o fluxo de visitantes e estudantes que se alojam para fazer cursos é bem maior. Desde a sua fundação, em 1999, mais de três mil pessoas se capacitaram pelos cursos de desenvolvimento sustentável oferecidos pelo Instituto, parte delas formada por estrangeiros.
“O Ecocentro Ipec surgiu para ser um modelo em sustentabilidade para o cerrado brasileiro, desenvolvendo e adaptando soluções para os problemas contemporâneos dentro dos moldes da permacultura”, informa o site www.ecocentro.org. Henrique Pinheiro explica que permacultura é a sintonia dos conhecimentos repassados pelos nossos antecedentes associada ao desenvolvimento ecológico.
Essa “filosofia de vida”, como descreve o arquiteto paulista, foi trazida para o município por André Soares. Ele aprendeu sobre permacultura na Austrália, com o fundador da metodologia, Bill Mollison. Em entrevista à edição de outubro da revista Casa Cláudia, André disse que escolheu Pirenópolis para montar a Ecovila “pela proximidade com Brasília e pela vegetação do cerrado”.
Fotos: João Camargo Neto e Tetê Nassar
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